Divagação Contemporânea


Pensando sobre crer, pensado sobre os porquês de tantos momentos doloridos da vida, sobre tudo que nos chega como explicação ou resposta de tais porquês, mil e uma coisas passam pela minha cabeça, numa tentativa van de racionalizar ou simplesmente poder sintetizar a vida, seu significado, sentido, continuo sem respostas, ou melhor, continuo sem conclusão.  Respostas, estas existem várias, mas qual seria a mais conveniente, aceitável, razoável.
Queremos uma resposta ou uma solução que nos agrade?
                Todos os porquês continuam habitando nosso consciente e nosso inconsciente, nos restando aceitar  e aprender ou negar e sofrer com essa ausência de resposta. Tenho optado por aprender, ao menos, imagino que tenha sido este o caminho que venho escolhendo. Não gosto da idéia de que viemos para sofrer, não me agrada, acho-a injusta e mesmo dentro de toda  a minha ignorância religiosa, penso que isso seja um enorme mau entendido, no meu empirismo absoluto, penso e sinto que todos viemos para viver, viemos para provar da vida e sofrer é apenas uma das conseqüência desse processo, uma implicação mais dolorida e por tanto mais fácil de ser enfatizada, pois, marca como cicatriz a nossa pela, a nossa mente, a nossa alma, por isso acabamos dando uma maior importância a nossa dor do que ao nosso prazer.
                Deve ser um traço da humanidade, essa tendência em valorizar o negativo, apreciar o positivo requer uma elevação enorme em todos os sentidos, nas minhas observações de mim e de todos que me rodeiam, noto como uma constante, o gostar por quem não nos gosta, o querer por quem não nos quer, como se essa impossibilidade tornasse tudo mais desejável, em contraponto, vejo um desprezo corriqueiro aos de bom coração (bonzinhos) como se qualquer sentimento que venha de graça sem sacrifício não valesse a pena, não fosse interessante, quando falo bom coração falo de pessoas boas de verdade e não de dissimulações tendenciosas, luto muito contra isso, quero querer bem a quem me quer bem, e não querer mal aos que não me querem bem, porém, destes últimos, acabo optando por me afastar, apenas uma limitação que tenho.
                Nesse mudo de cada um por si, amar é cada vez mais raro e difícil, não falo do amor a dois apenas, falo de forma geral, tudo tão emergencial e instantâneo que não nos damos conta do buraco que deixamos em nós, a mesma velocidade que chega ,desaparece e o sentido de ausência e vazio torna-se cada vez mais comum e constante, buscamos preencher de tantas formas, com tantas fugas e não vamos direto ao ponto, penso que a modernidade e a contemporaneidade nos geram a impossibilidade de ver solução na simplicidade, no dividir, no autoconhecimento, na fé de qualquer forma positiva que seja, no amor.
                Aprendemos que a solução de tudo está no capital, no dinheiro, em tudo que conseguimos, em tudo que construímos (materialmente) na roupa que vestimos, no lugar que freqüentamos, nas pessoas com quem nos relacionamos, no todo que aparentamos, sei que estou caindo no clichê obvio da crítica capitalista, porém, não consegui fugir, não consigo imaginar nem conjecturar nada diferente, também não tenho nenhuma proposta diferente da que temos, impelidos pela mídia e pelas imagens que absorvemos desde sempre, buscamos o mundo perfeito da imaginação de alguém que nem tem um mundo perfeito, nesse fracasso, encontramos o vazio, o medo, o imperfeito.
Precisamos dar licença há felicidade, precisamos aprender a percebê-la, sentir sua inconstante aparição  que vai e vem ao longo de um dia, realmente temos que aprender com a dor para não voltarmos a sentir, todavia, devemos saber equalizar as proporções entre dor e prazer, felicidade e tristeza, esperança e desilusão, estas dualidades que fazem a vida ser essa maravilha repleta de possibilidades, precisamos reaprender a demonstrar nossos sentimentos, sem medo que seja fraqueza, apenas com a certeza que é coragem plena.
Sérgio Pereira,
Caruaru, 24 de agosto de 2010, 22:37

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