Preso e livre.

Faz um tempo eu não escrevo, por vários motivos, tento sempre de alguma forma justificar esta ausência, pode ser o turbilhão desencadeado no inicio deste ano, pode ser o novo emprego, a nova cidade, pode ser tanta coisa, ou apenas um não querer parar pensar e escrever, como faço neste momento, mas mesmo abstêmio deste espaço o desejo de expressar minha visão e meu pensar continuou latente, implodindo vez em quando numa avalanche de pensamentos que me atormentavam quando corria, quando tentava dormir e nos momentos mais improváveis.
Iniciei o ano tendo como máxima o ano do coração, incorporei a idéia como parte do que pretendo para mim, como um divisor de águas em minha vida. Confesso, pensei que fosse mais difícil, imagino que seja cedo demais falar em facilidade, mas é o que sinto por hora é o que o coração quer falar, durante este primeiro trimestre de 2011 experimentei do fel mais amargo de uma desilusão ao doce e terno sabor de bons gestos inesperados, como se no meio de um turbilhão que rodopia com extrema força e velocidade eu simplesmente conseguisse parar e observar a tudo que passa com tanta pressa como se estivesse em câmera lenta, sem ficar tonto, nem me afogar.
Continuo preso no olho deste fenômeno e tenho aprendido com ele, já consigo além de ficar parado observando pegar algumas coisas que passam por entre as águas revoltas e turvas que circulam ao meu redor, sendo franco, penso que nem sempre sou eu que pego estas coisas, na maioria das vezes elas se pegam a mim, numa atração que não sei explicar, acontece, e este acontecer recorrente tem sido a realização de alguns desejos, me assusta esta percepção, com tudo, não consigo pensar em outra coisa, talvez pela necessidade romântica de crer de uma forma mais fabulosa que racional ou pelo simples fato de ser o que se é sem tantos porquês, ou ainda, seja uma compensação antagônica a todo o ruim.
Preso e livre, livre num espaço restrito, preso na possibilidade mais ampla, quero achar assim, mas sei que não é, sinto que algo se forma, uma hora sairei desse turbilhão e quero estar preparado para saber aproveitar toda a amplitude que se fará possível, faz uma semana que as águas do turbilhão que me envolvem ficaram mais claras e em vários momentos consigo ver possíveis imagens, minha mente fica querendo especular possibilidades, sonhos e desejos, isso me instiga e me assusta, pois minha razão está letárgica sem nenhuma previsão aparente de retorno, logo, não sei como me defender tendo apenas coração, não sei mensurar o que pode acontecer nem mesmo o que fazer.

Sérgio Pereira,
Recife, 11 de abril de 2011, 16:57

Comentários

  1. Olá Ricardo, sentimos sua falta por aqui. Achei seu blog no orkut, curti muito. Adorei seu texto, espero que esteja bem! Abraço forte!

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