Pensar de dois momentos

 Uma vontade de euforia me acomete, num rompante que não resulta, fica apenas o desejo, que não se faz e lateja como um eco que hora desaparece, rotina, sim rotina, é o que tem para hoje, uma segunda-feira, que mesmo sendo o segundo dia da semana, é onde tenho a sensação que tudo começa, mesmo que não tenha tido fim.
            
  Acordar, tomar banho, café, ligar o carro, pegar transito, ir ao trabalho, tudo igual, ou ao menos, tudo com uma sobra de semelhança com o ontem. Fazer valer a pena, extrair algo diferente da repetição, cíclica e temporal que é esse momento chamado de vida. Conhecer pessoas, sorrir, chorar, aprender, fazer nada, fazer tudo que for possível e que tenhamos coragem, pois nem sempre a vontade é suficiente, para continuar. Uma constante ressignificação, de tudo a minha volta, de tudo que escolhi como parte de mim, com suas extensões: pessoas, lugares, coisas.
              
  Penso que já aprendi a ficar comigo mesmo, penso que já consigo, mas não sei como estar certo sobre isso, e por esta ser uma quase certeza e não uma convicção, fico inseguro em assumir algumas escolhas, tenho um medo absoluto em errar, sim, errar é a coisa que mais me desmantela, e nesse medo de errar, me mantenho em lugares seguros, ao menos, os suponho como, me limito e por um tempo me nego o risco de tentar diferente, de desistir, de pular.
 
A boa e velha questão da escolha, da tão sonhada e improvável escolha certa.
 
Vejo erros que não corrijo, repito atos que não deveria, ando em círculos, mesmo que tente não andar. Perco minha razão, e como tudo é contraditório, acho que não sei viver, sinto que não sei viver, mas vivo, mesmo errado, sigo para onde penso que sei,  constato que nunca soube.
 
Perdido, sempre perdido, mesmo quando me engano acreditando que sei o que quero e para onde ir.  
Divago
Vago
Não chego
Me perco
De mim
             Da vida
             E na vida
                A um vazio que insiste em se repetir, uma dor por ausência, como a dor fantasma de um membro amputado, porém, não há membro, não há nada, apenas a falta.
Ricardo Pereira
Recife,  04/11/2013 e 18/12/2013

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