Alguma vez já se sentiu assim?


Como se nunca fosse me encontrar, estranho pensar e sentir assim, alguma vez já se sentiu assim? Como algo que se esvai no ar, sem se importar, apenas seguindo o fluxo, o vento. Alguma vez alguém já se sentiu assim? Tenho esperança que sim.
Pensar que não estou só nesse sentimento realmente ajuda, deixa possibilidade de uma fase, de uma passagem, no meio disso sinto falta de confiar, de fechar os olhos e ser guiado por um instante, mas é apenas uma saudade, perdi a capacidade de acreditar no outro, ainda que essa afirmação se deva ao momento, nesse instante ela é real. Quero que nada seja real, mas é a única coisa que me resta que não se vai, que não consigo fazê-la ir.
Eu não me importo, de maneira nenhuma, eu queria me importar, por mais que tente, por mais que pareça o contrário, não tenho por que acreditar, estancado no meio da vida, sem mudanças significativas, então na verdade eu não devo me importar. Dizem que quando nos importamos, nós mudamos, dizem que para mudar basta querer de verdade, acreditar, então eu não me importo, nem acredito, apenas deixo a vida passar, sendo um copycat do que me parece conveniente.
Enxergo minhas conveniências, minhas crenças, me convenço com tanta veemência que tudo se torna verdade. Alguma vez alguém já se sentiu assim?
Um pesadelo, um sonho ruim, um sonho, sendo seu, pode ser o que você quiser, dizia a  moça no livro, ela fazia tudo parecer tão simples, tão possível, simplesmente não consigo fazer igual, só sei brincar na realidade que vejo, sinto e toco, não há nada surreal nem muito menos etéreo, não se repete, não se recomeça do ponto que se deseja, toda escolha é um caminho sem volta, insistimos na palavra recomeço, mas ela é tão limitada em substância, apenas uma alegoria da nossa esperança.
Não existe recomeço, existe inicio, meio e fim.
Pareço triste, me sinto brigando, com lágrimas internas, quero ser salvo, mas não quero precisar de ninguém para tanto. Eu não me importo, ao menos quero acreditar nisso, os sonhos ruins vão passar e uma nova possibilidade de escolha eu vou encontrar, vou continuar a me agarrar na minha burra esperança que insiste em teimar.

Sérgio Pereira,
Caruaru, 28 de outubro de 2010, 00:31

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