Despedida de Solteiro


Gostar de alguém, se comprometer em estar com, se disponibilizar nesse processo de partilhar e pensar a dois, cheio de complexidades e impressões, numa negociação constante com base no que se vê da convivência possível, decisões são tomadas, caminhos são abertos e a vida, definitivamente transformada.
O quanto você está disposto a ceder?
Sim, ceder, pois sem um equilíbrio a relação não sobrevive. Balancear é quase que uma situação constante, que de tão rotineira torna-se imperceptível, até que se faça pesada por demais.
                Para tanto tem que valer a pena, tem que saber o que se quer e para onde se quer ir, do contrário, ficamos impelidos as regras do destino. Mas como saber o que se quer e qual a direção certa, ou se ao menos estamos pegando o transporte correto em direção a tudo isso.
                Não faço a mínima idéia!
                Experimentar, arriscar, viver. Sim, tudo isso nos dá substância para escolhas, decisões, que podem ou não culminar em algo lindo e mágico, por mais que momentâneo ou simplesmente o contrário de tudo.
Tudo que temos são nossas aspirações baseadas no que vemos e cremos e no que queremos, nada além, apenas aspirações que se confirmarão como acertos ou erros.
O que fazer com tudo isso?
                Viver! Penso ser o mais coerente, seguir, e tentar, mesmo que seja acreditar no eterno enquanto dure ou na metade da laranja.
Damo-nos poucas opções, somos de uma cultura que por mais que lutemos, insistimos numa forma a dois, mesmo andando para o egocentrismo, para o egoísmo. Somos um, mas queremos dois, sonhamos dois, mesmo que assuste, por não saber como nem porque, insistimos, persistimos, e conseguimos. Por que não? Conseguimos, mesmo que não se saibamos o que.
                Viver o hoje, olhar pro amanhã, alinhar os dois é o que se quer, é o que se espera, haverá um tempo, que para uns chegará mais cedo, para outros mais tarde, com tudo, percebo que esse tempo chegará. Um tempo onde se quer ter alguém, alguém para ser dois.
                Com meus olhos jovens é isso que enxergo, percebo, mesmo que na minha percepção distingua a real contradição de tudo isso, como se o tempo fosse algo preponderante para que tudo dê certo.
                Haverá uma hora certa para esse encontro?

 Ricardo Pereira,
Recife, 01 de setembro de 2011, 22:04

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