Falta tanta coisa, que....
São
tantas faltas, que ausência passa ser normal, tal qual, o fato de não ter e não
praticar cidadania, de viver como se em guerra estivesse, pensando apenas no
próprio umbigo, perdendo completamente a noção de coletivo, de bem comum. Honestidade
passa a ser algo para se ressaltar, quando deveria ser natural, comum, parte de
tudo, somos roubados e reelegemos quem nos rouba, reclamamos de tudo, mas me
questiono: Fazemos a nossa parte?
Educação,
não apenas soletrar e juntar letras formando palavras, nem decorar a tabuada,
mas sim, aprender a pensar, a questionar, a perceber que existem ângulos diferentes
para olhar tudo. Temo dizer, mas: tudo está errado!
Saídas
diversas, mas para todas educação, para pensar e construir uma consciência comum
de efeito dominó, percebendo que respeito e gentileza têm de ser algo
fundamental.
Utopias!
Adoro pensar nelas como se este fosse um exercício de fuga, para o que vejo e
vivo.
Brasil,
mundo, copa, especulação financeira, ricos, pobres, miseráveis, o surto da
classe média brasileira, a síndrome Gourmet, viajei e tenho que contar pro
mundo, dei dois passos e me auto-paparazzizzei no Facebook , Instagram ou qualquer
outra rede social que se use. Uma necessidade emergencial de provar quem sou
pro outro, mesmo que não seja eu de verdade e sim uma projeção do que eu
gostaria que fosse, ou do que ache que os outros esperam ou querem de mim.
Vivemos
sós, mas estamos conectados com vários gadgets que nos conectam com todo mundo,
e rompem a solidão numa ilusão de estar acompanhados, mesmo que não estejamos,
perde-se contato, desaparece a surpresa. Um novo processo de relações, de
interação, há uma liberdade, uma possibilidade de escolha como antes não havia,
as fronteiras estão menores, tudo está mais fácil, mesmo que de um modo a longo prazo, talvez, mais difícil,
a vida ao toque do dedo, se perde do viver de antes, para a construção de o
novo viver do amanhã, engatinhamos.
Por
vezes, me pego triste observado o entorno da minha vida, meio desconcertado com
o que vejo, como sentisse que as coisas estão se perdendo, que os valores não
estão evoluindo, mas se perdendo, ficando rasos, há um superdimensionamento de
coisas pequenas, há uma exacerbação do “Eu” em quase tudo. Falta gentileza da
moça que não dá a preferência no transito, apenas olha com abuso e acelera como
se apenas ela tivesse o direito de receber gentileza, há uma estupidez
incongruente com o Moço que briga com o outro apenas por causa do time que
perdeu ou ganhou, ou com a massa que destrói tudo antes de depois de um jogo,
há de fato, cada dia mais uma falta total do que costumamos chamar de
civilização, de uma forma tão corriqueira que esquecemos o significado real de
sermos humanos, ou talvez eu esteja completamente errado sobre o modo como
penso.
Quem
tem continua tendo, quem não, engole a ilusão de que tem alguma coisa e que as
coisas vão melhorar, o conhecimento é usado para alienar, sem alienação a
sociedade não estaria como está, ninguém faz nada e tudo continua no seu lugar.
Manda
quem pode, obedece quem tem juizo, assim se vive no engenho, não é Coronel?
Ricardo Pereira,
Recife, 24 de abril de 2014,
17:11
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