Confiar ou desconfiar?
Sinto
como se fosse algo instintivo, que se forma a partir de leituras quase que inconscientes
do que observamos, nesse ponto, falo de primeiras impressões, da leitura instantânea
que fazemos do outro, mas
que por razões da nossa racionalidade precisamos testar e confirmar.
Deixamos de lado, o visceral, que nos fala de forma indelével,
porém, que não se arraiga a um “por que” lógico e racional. Somos educados para
saber o porquê, para não acreditar, para desconfiar, nesse raciocínio, no qual,
a lógica vai se formar a partir dos fatos que observamos, com base em ângulos
que nem sempre nos trarão um panorama completo da situação.
Uma sucessão de recortes, como numa colcha de retalhos,
que de forma associativa, e ouso dizer especulativa, nos
atrevemos a coser, com isso, vamos alimentando a nossa razão, e nos alicerçando para a escolha de: confiar ou desconfiar.
No meio dessa justificativa para a
confiança, podemos também ser vítimas, dos jogos que nos cercam, dos que também como nós,
observam, afinal somos todos vitrines, uns para os outros. Há quem se aproveite
destas situações, do mesmo modo , que há quem não perceba absolutamente nada,
para esse caso, acredito serem os mais sortudos, pois, uma certa inocência,
mesmo que para alguns possa parecer ou ser burrice, em certos casos, poderá ser
extremamente benéfico, um bom nível de cegueira e um bocadinho de ignorância.
Tem gente distribuindo credibilidade
como santinho de político, aproveitando-se dos vieses, dos pontos cegos, para
implantar suas estratégias, sendo mais radical, podemos pensar nos psicopatas, sejam eles de grau leve ou não, mas também
creio que mesmo os não tão doentes assim, dependendo da forma como enxergam, ou
como compreendem, moral e ética, também praticam suas dissimulações
propositais.
No meio disso tudo, estamos todos
nós, que nos deixamos levar em algum momento, e sofremos com tudo isso. Escolhas
errada poderia dizer, mas que nem sempre são evitáveis. A verdade tem sempre sua
relatividade, dependendo do ângulo que enxergamos, para além, que a verdade que não é minha ou que não me é confortável ouvir, poderá ser
usada como mentira, melhor expurgar que admitir, negar do que racionalizar,
mesmo que depois ela possa vir ecoar no pensar .
Creio que a forma mais fácil de
resolver, seria simplesmente perguntar, questionar, mas sinto, sei e percebo
que é na realidade o mais difícil, cada dia vejo as pessoas preferindo ficar com suas colchas
remendadas, e com isso, perdendo amigos, amores, verdades, relações nos mais diversos
níveis.
Somos
uma sociedade visual, mais vale o que parece do que o que é, mais vale uma verdade
subentendida, que um pergunta respondida olho no olho.
Ricardo Pereira,
Recife, 17 de Julho de 2012, 21:49
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