Inquietação transitória


Buscando uma fagulha de emoção, como se abstêmio de sentir estivesse,   um buraquinho que não se explica, e sem motivo aparente vem e se instaura, crava sua ausência por dentro, e engole tudo.

Como acabar com isto, como preencher esse vazio ilógico e sem razão “aparente”?

Música, poesia, pessoas, guloseimas, tudo que se pode rodear, mas nada, quando isto acontece, parece resultar, é como se tivéssemos um buraco negro por dentro, como se ficássemos sem combustível, e fossemos reduzidos, encolhidos a uma fração do nosso tamanho original, até o ponto em que perdemos o controle, sugamos a nós mesmos como se não houvesse nada mais, desprendendo energia que simplesmente se perde e explode numa ausência, que mesmo não existindo, de fato é o centro do nosso buraco negro, algo que só consigo traduzir com vácuo.

 Com tudo, de alguma forma, sei e sinto,  que o mesmo pode ser ilusório, transitório e quase nunca real, e por isso nos provoca uma desperdício despropositado de energia, por algo, que passa, mas nem sempre se resolve.

Ou tudo que foi dito, não passa de uma necessidade natural e humana de sentir tristeza, melancolia, pelo simples, mesmo que antagônico “ prazer de se sentir triste”, lobotomizado.

Não tem Deus, não tem diabo, não tem Krishna, Buda e nem Alá, não há nada, nada além de nós, sós, miseráveis na nossa busca por justificar um dia, um amanhã, o ontem, não nos bastamos e sem caber, sentimos falta do que ainda não ocupamos.

Ricardo Pereira,

Recife, 21 de outubro de 2013, 16:51

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