Limbo
Naquele momento em que seus olhos miravam o vazio, sua mente pairava entre o tudo já vivido e o nada que virá. Nada, por não saber, por ainda não existir. Ao seu redor pessoas bebiam, riam, conversavam, mas coisa nenhuma com ele acontecia, apenas, o nada o absorvia.
Uma ausência de sentimentos lhe invadia e ele sentia-se oco, solitariamente oco! Amigos lhe enviaram um sms, dizendo onde estavam, num tom de convite, ele apenas respondeu:
- Divirtam-se!
Pensava em sua vida naquele momento como um estorvo, nas mesma hora em que o cantor cantou Roberto, mesmo que esse lhe fizesse lembrar Maria Bethania (Hoje eu ouço as canções que você fez para mim...). Tanta coisa se quebrou e os cacos que restaram apenas denotam a efemeridade de tudo. Não enxergava nada mais como antes, agora mesmo que tudo continue envolto por uma película tosca e turva, não consegue-se mesmo que por intenção ocultar mais nada.
Dos cacos e estilhaços do chão os reflexos possíveis e visíveis eram apenas: falsidade e dissimulação. Nenhum restaurado mesmo que utilize a melhor cola, jamais conseguirá restabelecer a “falsa” perfeição de antes.
Ele não sabia como definir o seu estado, o seu momento, não era vazio, nem tão pouco, cheio. Pensou no Limbo, entre dois mundos e questionou-se:
- Até quando?
Sérgio Pereira
Caruaru, 04 de setembro de 2010,01:45.
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