Eu tenho medo.


Eu tenho medo, o tempo passa, e eu continuo com medo, alguns mudaram, outros nasceram, mas nunca desapareceram, não consigo saber o quanto de ruim ou de bom esse sentimento me traz.

Em alguns momentos eu agradeço a ele por existir, como um termômetro de proteção, em outros, no extremo oposto do agradecimento eu o amaldiçôo por me impedir de viver, por me coibir de escolher diferente.

Sinto e sei, que alguns nascem fruto do nosso aprender errado, social, familiar, desde infância, numa programação tão amalgamada, que penso não conseguir mudar, por mais que já realize outros cernes.

Brigo com meu perfeccionismo autista: a vida é muito curta para se preocupar com tudo.

Razão e emoção e seus eternos embates, fortes utilizadores do medo, como fonte de barganha, me vejo por muitas vezes no meio desse fogo cruzado,  criado e  alimentado por mim, como se eu fosse apenas um terceiro. 

Pensar é tudo que não queria, mas é da minha natureza, então, vou me moldando, me lapidando, aprendendo pelo caminho, olhando para trás, vendo alguns vultos, correndo um pouco mais, enfrentando fantasmas, matando dragões, mesmo com medo, vou seguindo, gostaria  que tudo fosse mais simples, mas previsível, mas não é, e talvez se fosse, eu iria querer o contrário.

Mas o fato é que tenho medo, como diria a Vanessa da Mata: Eu tenho medo do escuro, eu tenho medo do inseguro, dos fantasmas da minha voz.

Ricardo Pereira,
Recife, 24 de fevereiro de 2011, 00:24

Comentários

  1. Como dizia Drummond:
    "E fomos educados para o medo.
    Cheiramos flores de medo.
    Vestimos panos de medo.
    De medo, vermelhos rios
    Vadeamos"

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