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Mostrando postagens de março, 2013

Só que não

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Alguém assumiu o meu desejo Alguém teve a coragem que eu não tive Alguém gritou o grito que era meu E que eu guardava para que ninguém visse Mas eu não aceito Mas eu não assumo Pois a ideia era boa O conceito era perfeito Amanhã talvez eu acorde E admita que o feito era de fato meu desejo E que na realidade a renuncia foi sempre minha Só que não. Ricardo Pereira, Recife, 31 de março de 2013, 12:58

A um passo

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Eu queria não querer, mas eu quero Eu queria não pedir, mas eu peço Eu queria falar, mas não falo Se eu beijo, eu quero um beijo Se eu toco, eu quero um toque Se eu  vejo, quero ser visto Se eu ouço, quero ser ouvido Se eu não concordo, eu respeito Se eu não falo, não sou eu Se eu falo, estrago tudo Eu perco o que achei encontrar Desconstruo o que pensei iniciar Eu não sei concertar Pois não sei se quebrou, ou já era assim Metades desiguais Metades possíveis Metades complementares Metades As cartas mostram a lua Pedem paciência Mas o chão treme E tudo fica ao meio A um passo. Sérgio Pereira. Recife, 29 de março de 2013, 20:35

O Certo, o saber e a ignorância

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Às vezes sinto como se o caminho não fosse certo Uma direção errada, uma informação desencontrada, Uma desconexão que não consigo explicar nem para mim nem para ninguém. Buscas e escolhas me rodeiam e não fujo, Mas, e o certo, onde está, Existe? Tranquilo! Repito essa palavra Por tantas vezes, como querendo que se fizesse verdade, Questiono-me se tento me iludir, E se tento, a pergunta inequívoca aparece, por quê? Sito falta da ignorância Da total e absoluta falta de conhecimento, O não saber a escuridão, Reflito muito se isso não seria a felicidade absoluta, Ou apenas treva, ou ainda uma opção. O saber tem um peso muito grande, Mesmo que este seja vaidade, E que a certeza seja apenas uma justificativa inventada Pelos homens e para os homens Divagações  do meu juízo Instinto, vontade de falar Sei lá, um dia quem sabe saberei Tranquilo! É o que me resta ficar, É o que tenho que tentar. Sérgio Pereira, Caruaru, 10 de março de

Expectativas....

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Expectativas, por mais que eu tente não ter, as tenho, simples ou complexas, por vezes consigo negá-las, faço com que desapareçam como se não houvessem existido, porém, existem momentos que elas ficam, se agarram, como um sentimento que não se permite negar, gritando: estou aqui. Um olhar compartilhado, um toque de mãos, um carinho inesperado, um não se eximir, um desejo que se funde. Começo a crer que minhas expectativas, quando não abafadas, são sempre erradas, ou  tenho uma visão distorcida da vida, mais uma vez, afirmo que aprendi errado e o que sinto como difícil é desaprender para reaprender de um novo modo, de uma maneira que seja certa. Certo seria não sofrer, certo seria não esperar, certo seria reciprocidade e empatia, mas tais certezas só devem existir em algum universo paralelo, onde eu não sou eu, para além, me pego imaginando utopias, em meio a minha realidade. Ricardo Pereira, Recife, entre 08 e 10 de março de 2013.

Tempos Difíceis

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São tempos difíceis Áridos,  ressequidos, esturricados. O solo rachou, formando veios secos, No que antes, passava água. São cortes, abertos, Que talvez nunca curem, Cicatrizes táteis, Feridas d’alma, Mas não há pena, Não há empatia, Apenas dor E escárnio. A água que cai É o cuspe do desprezo A mão que ajuda Desce o cepo sem dó. São tempos difíceis, Tempos de solidão, De desejo de união. O sol arde, o olho fecha, O suor pinga, A força se esvai, A morte pisca o olho, Num convite tentador, Mas a vida teima, Busca fôlego, Faz da miragem sonho, E do sonho esperança, Insiste, Persiste, Continua. A terra secou, O céu alimpou, Não tem mais ninguém, Até esperança, se foi. Cadê à água que não cai? Cadê à água que não cai? Cadê a força, meu pai? A fé A foice A faca Afoite. Ricardo Pereira, Recife, 07 de março de 13, 21:32.

Água

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            Água, um elemento que sempre me fascinou, na sua forma fluida, límpida, na sua malemolência, por todas as possibilidades em ser água. Gosto de parar e admirar, seja num rio, seja no mar, seja num aquário, consigo ficar absorto como se meus pensamentos pairassem sobre a fluidez que observo, leve e possível.             Água implica meu pensamento naturalmente a pensar em liberdade, liberdade tamanha que mesmo quando a isolamos ela encontra uma maneira, mesmo que lenta, de se libertar,  evapora para condensar depois.             Não a seguramos, mas ela nos envolve, podendo nos dar vida, morte, dor, felicidade, sofrimento, prazer.             Mas como ter água, sem modificar seu estado, sem frear sua força, sua abrangência, sem represa ­­­­­­­­­­­­- la, como ser apenas um barco que navega através?                         Eu sei nadar             Mas posso me afogar             Eu sei boiar             Mas posso afundar             Eu sei viver