Tempos Difíceis

São tempos difíceis
Áridos,  ressequidos, esturricados.
O solo rachou, formando veios secos,
No que antes, passava água.

São cortes, abertos,
Que talvez nunca curem,
Cicatrizes táteis,
Feridas d’alma,

Mas não há pena,
Não há empatia,
Apenas dor
E escárnio.

A água que cai
É o cuspe do desprezo
A mão que ajuda
Desce o cepo sem dó.

São tempos difíceis,
Tempos de solidão,
De desejo de união.
O sol arde, o olho fecha,
O suor pinga,
A força se esvai,
A morte pisca o olho,
Num convite tentador,
Mas a vida teima,
Busca fôlego,
Faz da miragem sonho,
E do sonho esperança,
Insiste,
Persiste,
Continua.

A terra secou,
O céu alimpou,
Não tem mais ninguém,
Até esperança, se foi.
Cadê à água que não cai?
Cadê à água que não cai?
Cadê a força, meu pai?
A fé
A foice
A faca
Afoite.

Ricardo Pereira,
Recife, 07 de março de 13, 21:32.


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