O mundo moderno e seus males


                 Não sei se devo usar moderno ou contemporâneo, bem, voltando, as pessoas se encontram, acho forte dizer se encontram, as pessoas ficam, maravilham-se momentaneamente umas com as outras e naquele momento parece não existir mais nada, tudo acaba se suprindo, carências, desejos, medos, uma descarga instantânea de completude.
                Logo depois não sentem mais nada ou se sentem suprimem, assim surge o assunto recorrente, ao menos, nas minhas observações, em várias rodas de conversas: tantas pessoas reclamam de solidão, de não encontrar ninguém interessante, tanta gente sozinha querendo alguém, mas ninguém se encontra. Surgem os relatos: encontrei tal pessoa foi tão perfeito, trocamos telefone e ninguém ligou, fica cada um de um lado esperando ou ninguém espera nada e só reclama depois, fora os que ligam e são considerados carentes demais então não servem, logo, todos continuam nas suas buscas.
                Será que a contemporaneidade não se baseia em estar com alguém, mas em continuar buscando alguém? Começo a me questionar sobre isso. Aos meus olhos tão empíricos a busca hoje é tão mais valorizada do que objetivo em si, casais estáveis acabam tudo pela busca, pois o objetivo eles já tinham. A palavra de ordem é insatisfação em todos os níveis da vida, não temos o suficiente nem o que queremos e quando conseguimos tudo que queremos, começamos a querer novas coisas de uma maneira constante e intermitente, assim, fico pensando sobre as filosofias orientais, sobre a quietude e a paz interior, esquecemos tudo isso ou nem se quer um dia registramos tais possibilidades como possíveis.
                As pessoas perderam seu sentido abstrato de sentimento e tudo agora é valorado pelo que aparenta pelo o que pesa, somos pedaços de carne pendurados no açougue, a cultura fast food converteu-se no fast fuck , dentro disso, somos zumbis pelas ruas. Sei que sou meio chegado a um drama, mas se não estamos nesse ponto estamos muito próximos disso, não consigo imaginar que algo venha a mudar esse fluxo ou a direção do que vem ocorrendo.   
Estamos fadados a uma certa solidão, pelo simples fato das idéias concebidas, pois cada vez mais temos implícito como programação tipos específicos do que queremos, o tal príncipe ou princesa encantados, porém, pelo caminho encontramos, bobos, sapos, duques, duquesas, bruxos e bruxas, e algumas vezes quando encontramos os tais depois de um tempo os tais deixam de ser o que eram.
                A grande questão é:  os outros mudam, nós mudamos ou simplesmente tudo muda e na falta da tal quietude interior nos perdemos de nós e dos outros?
                Males da modernidade: insatisfação constante, querer sempre o que não se pode ter, ter um sentido constante de solidão, depressão, e tantas outras coisas mais que inventamos que nos faz tão mal.
                O simples é tão mais fácil, mas temo que tenhamos uma profunda inaptidão de gostar do simples, logo, a rotina vira tortura, o igual torna-se insuportável e assim, optamos por continuar buscando, pois atualmente a busca tem mais valor que o objetivo.

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